Prefácio

"Miséria e Bajulação" é uma obra comovente e poderosa, escrita pelo talentoso Poeta Falso , que dá voz aos esquecidos e oprimidos. Através de relatos reais, a obra expõe a dura realidade de Cabo Delgado e outras regiões de Moçambique, trazendo à tona o sofrimento

O livro mergulha nos acontecimentos que desestabilizaram Cabo Delgado, uma província assolada por invasões terroristas e pelo descaso governamental. Relacionado à miséria vivida por milhares de moçambicanos, ao elevado grau de corrupção que desvia recursos essenciais, ao abuso de poder e às injustiças que marcam a vida cotidiana. Este é um grito de socorro – um apelo ao mundo para que veja e reconheça o sofrimento de um povo que luta para sobreviver.

Crianças morreram, outras enfrentaram a fome, o abuso e a privação de direitos. O poder de compra é escasso, enquanto alguns enriquecem com a deterioração do país. Este livro dá voz às mães e pais que choram os filhos que partiram para a guerra e nunca mais voltaram. É um testemunho da resistência de um povo que, apesar da dor, ainda busca a esperança e a mudança.

Além de uma denúncia, Miséria e Bajulação é um apelo às organizações internacionais para que enxerguem a miséria avassaladora deste povo abandonado e privado de seus direitos. A violência do terrorismo deixou marcas profundas, e esta geração carrega cicatrizes que determinarão o futuro do país. Moçambique precisa de união, de um compromisso verdadeiro com a justiça e os direitos humanos.

A obra também reflete sobre o passado colonial e suas consequências até os dias de hoje. O racismo estrutural, herdado da ocupação portuguesa, ainda define como oportunidades e como condições de vida da população. O estrangeiro ainda dá ordens na nossa terra, enquanto o povo moçambicano permanece marginalizado. A luta pela liberdade, iniciada pelos heróis da resistência, ainda não terminou. Essa obra é a voz do povo moçambicano. No artigo 51 da constituição moçambicana.

O Zimbábue é apontado como um exemplo de um país que tinha potencial para ser um modelo para a África, mas que, devido à ditadura, conflitos internos e interferências externas, caiu em um ciclo de destruição. A história se repete: a miséria, as doenças e a concentração de riquezas nas mãos de poucos continuam a corroer o continente africano. A liberdade 

de expressão existe apenas na teoria, e aqueles que ousam falar a verdade pagam com a própria vida.

O passado deixou marcas profundas, mas a mudança está em nossas mãos. Um povo não pode viver para sempre oprimido. Esta obra é um chamado à ação , um convite à reflexão e uma denúncia contra a injustiça. Que este grito não seja ignorado.