por Daniel Sakayoya, em 2023-10-11

NIMI A LUKENI E O ESPELHO DE SAM PERINE

NIMI A LUKENI E O ESPELHO DE SAM PERINE

Há muito, muito tempo mesmo, na cidade de Sam Perine, depois de excessivos dias de batalhas entre o seu povo e o povo Orbusco, o lendário e respeitado rei da cidade acabava de perder todas as suas forças, por não aguentar a rebelião causada pelo povo vizinho, o qual decidiu construir um novo reinado para si, ocupando toda a cidade e, através disso, procurando matar o então rei.

Perine fugia para o Norte da cidade para alcançar a Árvore Suprema. Enquanto fazia esse percurso, acabava de alcançá-lo uma lança. Tendo dado conta do sucedido, Perine abandonou o seu cavalo, fugindo e aconselhando o seu povo a fazer o mesmo, para despistar o inimigo. Sam Kambhe seguia outro caminho com outros soldados de Perine.

—O que lhe ocorreu, Senhor? – perguntou-lhe Sam Kambhe.

—É chegada a hora em que alguém me poderá substituir. Este é o meu fim. – responde, tristemente.

—O que pensa que está fazendo, Senhor?

—Estou abrindo o portal para o escolhido. Tome, os acessórios de Sam Perine devem ser bem guardados. Acolhe-os. Guarde-os muito bem! Só devem regressar quando houver um escolhido, o qual libertará a cidade das mãos dos loucos, estes Orbuscos! Cansei-me. Quando o escolhido chegar, ensinem-no boas coisas e entreguem-no os acessórios, pois neles estará a sua força. – volta a responder sam Perine, mas já muito esgotado, com os pulsos a despedirem-se, os olhos quase que com uma força sombria de se desligar da luz, o corpo moribundo, e foi assim que caiu lentamente ao chão e Sam Kambhe, medonho e aos gritos só dizia:

—Ao menos diga-me quando regresserá, Senhor! – mas Sam perine não conseguia mais respondê-lo, somente as lágrimas corriam do seus olhos e choviam para o rosto todo.

—Senhor! Sam Perine...

 

 

—Mãe, eu vou já à igreja. Tenho de chegar cedo à missa das sete horas. Logo. Beijos!

—Está bem, filha, vai com Deus. Às nove estarei lá também.

 

 

Olá, senhorita!

—Olá, Chingolo, como você tem estado, meu rapaz?

—Óptimo, e a senhorita? Vamos assistir à missa?

—Ah, pára com isso de “senhorita” Eu vou bem também. Vamos sim. – Falou com um sorriso esbelto no rosto.

Caminhavam até à igreja a fim de participarem da missa das sete horas. Enquanto caminhavam, Nimi a Lukeni viu um animal de aspecto totalmente diferente dos outros animais que já conhecera, o que fez com que lhe chamasse atenção. Depois de estarem noutra estrada, animal apareceu de novo, porém ignorou-o. Pela terceira vez Nimi viu o animal, antes mesmo de terem entrado à igreja, e diz:

—Vês este animal aí?

—Sim, mas nunca tinha visto na minha vida.

—Ele segue-nos desde a rua da minha casa. Vi-lhe em todas as ruas em que passamos. Não acho normal, vou ver o que é.

—Sozinha? Não! Espera por mim...

O animal era muito negro. Tão negro quanto a Áfrika de que nos falavam os ancestrais.

Aproximaram-se, chegaram até ele, o animal somente olhava fixamente para ela, até que do alto ouviu-se uma voz que dizia “Eis a escolhida!” E o animal bradou com alta voz: “Sam Perine!” após o brado, uma energia forte apoderou-se de Nimi a Lukeni e de Chingolo. E foi assim que os dois desapareceram.

—Ai, a minha cabeça! Que lugar é este? Onde viemos nós parar, Chingolo? – E Chingalo não lhe respondia.

Sua voz foi quase que atropelada pela do espírito que, dum lugar onde ninguém sabia qual:

—Nimi a Lukeni, a escolhinda!

—Quem tu és? Apareça!

—Nimi, estou bem aqui. Vira-te.

—Um espelho! Tu és um espelho?

—Sim, sou um espelho. Sou “O Espelho de Sam Perine – O Guardião dos Acessórios de Sam Perine”, os acessórios da libertação que o Povo Orbusco tanto teme. E agora, é chegado o momento do término do Reinado Orbusco sobre Sam Perine; há muito que esperava por sua chegada!

—O que tenho eu a ver com isso? Que escolha é essa? Quais acessórios são estes? E quem é Sam Perine? – perguntou ela ao espelho.

—Sam Perine foi um lendário rei que doou a sua vida a fim de libertar este povo e infelizmente sucumbiu, mas diante da tão perversa luta, protegeu o seu povo com coragem e bravura, preservando assim os reais interesses dos ancestrais. Mas a hora é agora, de dar continuidade à missão de conduzir o povo, que aguarda esperançoso por um novo reinado. Tudo o que tens de fazer é partir e livar este povo do sofrimento!

—E o que terei de fazer para que este povo esteja livre?

—Apenas colocar os acessórios; dar-te-ão todas as habilidades de que necessitas. Depois disto encontrarás Sam Kambhe, ele a ajudará junto dos seus soldados.

—E onde está o meu amigo?

—Chingolo? Esse que vês no espelho? Ele jamais lutará ao teu lado devido a sua ancestralidade. Agora vai! Liberta este povo. Esta é a missão.

—É chegada a hora, Sam Kambhe. – falou o espelho.

—Está bem, guardião! Vamos ter com outros povos e soldados para preparar a invasão e recuperar o palácio perdido.

—Que os ancestrais vos proteja!

E lá foram eles, Nimi a Lukeni e Sam Kambhe, em direcção ao OESTE da cidade, onde posteriormente reuniriam com os demais povos e soldados de Sam Perine para juntarem as forças e prepararem-se para terem de volta o palácio que os pertencia. A chegada de um novo rei fez-lhes muito felizes.

O povo viveu uma intensa reunião jamais vista, com danças e ritmos tradicionais que o afectava e lhe fazia lembrar os tempos em que Sam Perine esteve presente em pessoa, com eles, lutando com bravura pela sua honra e paz.

—As coisas serão diferentes desta vez. Já temos a escolhida entre nós, e com todos os acessórios. Vou avisar aos outros quantos que cá não estão para saberem que o escolhido de Sam Perine já reina entre nós. – disse um soldado, com demasiada esperança no rosto.

—Assim é que se diz, Kinwala! Parte mesmo hoje, porque amanhã teremos de nos reunir novamente, mas muito mais cedo. E, quanto a isso, eu vou ter com outros guerreiros de Ukhan para pelejarem connosco nesta batalha. – responde Sam Kambhe ao soldado.

—Eu não arriscaria confiança alguma para aquele povo. São ferozes e canibais. – disse um outro soldado em resposta ao palavrear de Sam Kambhe.

—Sei que são muito perigosos, mas devo lembrar-vos que têm uma enorme dívida comigo. Sei que odeiam homens, mas sei também que nos podem ajudar nesta luta justa, pois sei da sua honestidade com as palavras e estou certo de que pelejarão sim connosco. Vou ter com eles, minha Rainha. Volto já. – contrapõe Sam Kambhe, despedindo-se da escolhida para ir ter com o povo de Ukhan.

Reuniram-se na manhã seguinte preparando a invasão ao Palácio e pela sorte do povo de Sam Perine, os povos vizinhos decidiram então lutar ao seu lado para acabar com o governo ditador, constituído pelo Rei de Orbusco que deixa ainda mais miserável a cidade de Sam Perine apoderando-se dos seis bens e de todo alimento, fazendo com que o povo vivesse de migalhas caso não aceitassem se curvar pelo Rei Orbusco.

—Povo de Sam Perine, é chegada a hora em que lutaremos pelos seus valores e direitos. Esta terra é vossa, herdada dos vossos Ancestrais e ninguém tem o direito de vir e dominar-vos como se tudo que estivesse nela pertencesse a quem viesse para fazer-vos escravos! Vocês nasceram aqui e todos deverão morrer aqui mesmo também, e a vossa morte será em nome deste magno povo, que todos os dias de suas vidas luta para que tenha algo à mesa, para sustentar as suas famílias. É chegada a hora de lutarmos por esta nação, pelos vossos filhos e mulheres, para que todos tenham a liberdade que lhes é merecida e usufruam dos seus direitos. Viva à cidade de Sam Perine!

—Viva! – o povo respondia em uníssono.

Do OESTE ao sol, lá iam eles: Nimi a Lukeni, Sam Kambhe e todos os seus soldados mais os guerreiros canibais de Ukhan.

Naquele dia via-se a esperança perdida nos olhos daqueles bravos guerreiros de Sam Perine, pois eles acreditavam que com os acessórios de Sam Perrine e a escolhida revistida dele, seria muito fácil derrotar o povo Orbusco. Os guerreiros de Ukhan atacavam do portão frontal enquanto os soldados de Sam Kambhe entraram de trás para assim tomarem o palácio, algo que não parecia fácil por conta do número de soldado que o Rei Orbusco tinha naquele lugar; os soldados de Sam Perine lutavam esperançosos de que sairiam vitoriosos daquela batalha.

Após terem derrotado os soldados do primeiro portão, aproximaram-se do segundo e último portão traseiros enquanto caminhavam lentamente para não serem percebidos, chegaram até ao portão e encontraram os soldados que guardavam o palácio bem preparados para a batalha, até algo estranho acontecer. Continua...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 comentários

Fernando Dias

Homem duro!❤️🙏🏾