por Sweet Zompira, em 2023-05-06 13:03:06
A Cantora Fantasma
Capítulo 2 - Uma nova vida
Acordei de repente, assustado. Mais uma vez havia sonhado com o dia do acidente. O pior dia da minha vida. O dia que havia roubado a minha vida por completo. Levantei-me da cama, me preparei e fui até a sala. O pequeno-almoço estava na mesa e Anne estava sentada. Ao lado dela tinha algumas malas dela. Me sentei à mesa.
— Para quê essas malas? — Perguntei de mal humor, olhando para ela sem expressão.
Ela suspirou.
— Vou-me embora. Já não aguento mais viver nesta situação. Ver você se autodestruindo. Você mudou tanto, Rick. Já não é o Rick que eu amo — disse chorando.
— Aquele Rick morreu no acidente e se você não gosta do Rick de agora, sinto muito. Fazes bem em afastar-te — disse.
Não queria prendê-la, só que deixem-me em paz. Ela assentiu e se levantou pegando as malas.
— Espero de coração que um dia voltes a ser o que eras, apesar de tudo.
— Isso nunca vai acontecer. Vocês dizem isso porque não me entendem.
— Nós também sofremos! Também nos magoa o que aconteceu contigo! Mas temos que lutar e seguir! — Gritou ela, desesperada.
— Então sigam e deixem-me em paz! Vocês representam tudo que eu perdi! — Gritei de volta, destruindo a mesa. — Vá.
— Eu sinto muito por você. — Abriu a porta e saiu deixando-a aberta.
Fui até a porta e a fechei com um golpe. Meu telemóvel tocou. Era o meu pai. Droga! Não quero que me chateiem! Desliguei o telemóvel, peguei uma garrafa de vinho na garrafeira, a abri e comecei a beber. Só quero que deixem-me em paz. Eles não entendem que a minha vida acabou. Não entendem.
Despertei no sofá, por volta das nove da noite, cansando e com fome. A geleira estava cheia. Obra da Anne. Ela nunca deixava que a geleira ficasse vazia. Anne. Ela já não faz parte desta casa. É melhor assim. Ela merece ser feliz. Cozinhei bife com batatas fritas, ovos mexidos e salada. A única coisa que sabia fazer bem. Antes de me sentar à mesa a campainha tocou. Abri a porta e deparei-me com toda minha família. Meus pais, meus irmãos e meu cunhado. Essa agora!
— Vais convidar-nos para entrar ou não? — Perguntou a minha mãe, irritada.
Sai da porta e eles entraram. Meu cunhado foi o único que me cumprimentou. Eu respondi com um aceno de cabeça.
— O que querem aqui? — Perguntei sentando-me na cadeira.
O jantar estava a esfriar. Meus pais sentaram-se à mesa, me observando. Meus irmãos e meu cunhado sentaram-se no sofá.
— Soubemos o que aconteceu entre você e a Anne — começou o meu pai.
Ah, isso. Ela os contou.
— E? — Perguntei comendo.
Minha mãe me repreendeu com o olhar. Já sou crescido, mãe.
— Como é? Você está arruinando sua vida, meu filho — disse ela.
— Minha vida já está arruinada, mãe. Há dois anos.
— Você ainda está vivo — falou o meu pai. — Isso é o que importa.
— Pessoas separaram-se. Isso é normal. Além disso, não fui eu quem a expulsou. Ela decidiu por conta própria.
— Porque você está insuportável. A Anne é uma mulher maravilhosa e você a está perdendo — falou olhando-me com tristeza.