por Garcia Da Vinci, em 2021-08-07
-Minha Fria Prisão-
Seu brilho intenso sempre ofuscava minha vista,
Travava meus movimentos e ainda calava minha boca.
Esse mesmo reluzir que me fascinava também me maltratava,
Ofuscava minha visão do dia, trazia e roubava minha parca alegria.
Triste e feliz era sempre como eu ficava, as vezes gritava, mas ninguém além do esmero vazio me escutava.
Entregue as ondas em que você me afogou e me atirou sem dizer uma única palavra, essa mesma onda que recebeu e guardou meu corpo sem nem mesmo contestar, reclamar ou dar-me uma única palavra em resposta.
Sem amarras, sem culpa, apenas uma silenciosa e sonora fulga no tom de uma fria despedida.
Era essa a minha passagem só de ida as profundezas que agora eram bem-vindas.
A escuridão tomou conta do meu tolo coração.
Meu pulmão tornou-se o puro mal, tão preto que nem consigo sentir o seu pulsar sentimental, olha para mim.
Quanto mais me aprofundo mais me sinto perdido, quanto mais penso mais me afundo.
Era profundo, profano, pois em tudo sentia que tu me odiavas e adoravas e agora uma morte sádica aguarda entre o amor de quem se odeia e se ama.
Quando você não mais aguentava eu tentava e ali o nosso amor estava,
Era tipo oito ou oitenta, as vezes era sombrio, cinza e lenta.
Sinto a vida escorregar pelos meus desasseados dedos enquanto em seu futuro me afasto para um infinito e solitário vazio.
A dor da minha alma se espelha no ser, no corpo e me fere como a água cheia de veneno que engulo.
Destilando o seu veneno e me enchendo a boca até a do estômago impuro.
Nas marcas do que sobrou já não sabia o que restará e nem o que era eu,
Pois muito em mim não sobrou pra contar a história que ainda guarda na memória.
Por duras penas vagueei nas sombras das montanhas de erros que eram realmente meus.
Aqueles que só eu sei que serão julgados no símbolo que sustenta o aqui e o agora do céu.
Enfim, completando mais um ciclo de horrores e infernos, lutando contra todos esses meus monstros internos,
Era a hora da sua difusa realidade vir de vestido branco e amarelo,
Como um soco ou o desabar de um prédio,
Era minha pequena saindo de mim em meio as muralhas destroçadas e penas de querubins, algo que deixava até minha espinha em extremo calafrio, congelada no fim.
Quanto me custou para pagar com toda essa dor, questões que nem eu sei a quem perguntar nem assim questionar.
Amei, doeu e assim nunca mais me entreguei, esse foi o valor que eu paguei por tentar me doar, amar e me entregar.
Acabei por me magoar e minha alma em toneladas de lama e cadáveres enterrar.
Mas agora eu sei, nada é como o imaginário faz acreditar,
A realidade pode realmente te ferir e magoar,
Te pisotear e tirar toda a força para se viver essa vida,
De verdade, essa é a minha dura, gélida e crua realidade.
Lutei contra a dor, contra a escuridão que há em mim.
Lutei contra o amor, contra tudo o que ainda reside dentro de mim...
Mas agora nesse fim posso ver a luz da ignorância que me cerca, a luz que me leva para longe dessa terra que a todos nós despreza.
Eu lutei, me arrebentei,
Me cansei, me afoguei e em meus próprios pensamentos por fim me aprisionei.
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